Finalmente, após tantas aulas "introdutórias", entramos no assunto principal de nossa oficina: o Circo. O quarto dia da oficina "Redescobrindo o Circo-Teatro" 2012 teve como tema principal a introdução à pesquisa teatral (nada mais lógico, já que a Cia. Teatral Um Peixe é um grupo de pesquisa).
Oficina Técnica - Maquiagem
Alunas falando sobre o Budismo |
Na primeira aula do dia, ministrada pela coordenadora do Núcleo de Figurino & Maquiagem dos Peixes, Luanda Mangeni, os artistas-aprendizes trouxeram o resultado da pesquisa que realizaram sobre indumentária nas religiões budistas, islâmicas, cristãs e africanas. Sua exposição foi seguida de comentários embasados em ampla pesquisa bibliográfica (que será repassada aos alunos via email. Fiquem atentos). Uma das questões mais relevantes acerca da indumentária diz respeito aos signos. Perceberemos, no decorrer do ano, que a simbologia é algo extremamente valioso para as formas populares de teatro, que valorizam a forma, o gesto, a plasticidade e, é claro, a construção externa de personagens.
Expressão Corporal
Danilo Gomes explicando movimentos com intenção |
Depois, foi a vez do preparador corporal, Danilo Gomes, iniciar o trabalho em torno de movimento. O foco deste último sábado esteve nos braços (que os artistas-aprendizes trabalharam à exaustão) e na movimentação reta (pontuada), ondulada, quadrada e torcida. Esse tipo de exercício é fundamental para que comecemos a entender a questão da plasticidade do movimento. No final, os alunos ainda brincaram de composição de imagens.
História e Interpretação
Para fechar o dia, o diretor André Domicciano começou a tratar do assunto principal da oficina: o Circo. Nesta primeira aula, falou-se sobre a história do Circo Universal, ressaltando a fundação do que hoje chamamos Circo, a questão dos números circenses antes desse período, a classificação dos mesmos segundo Tristan Rémy e, é claro, a relação com o teatro. Como vimos, teatro e circo sempre tiveram uma relação muito íntima. Para entendê-la melhor, estudamos um pouco o teatro de feira e a chamada Pantomima. Antes de mais nada, é importante salientar que pantomima NÃO É uma encenação muda. Historicamente falando, sabemos que a pantomima pode ser falada, cantada, dançada e, também, muda. O que realmente caracteriza a pantomima é a atenção ao gesto! Aliás, a questão do gesto é importante para praticamente todas as formas populares de teatro: pantomimas, arlequinadas, commedia dell'arte e, como não poderia deixar de ser, circo-teatro. Por fim, falamos sobre as três etapas do treinamento de um ator de pantomima: o contegno, o gesto e a ostentio.
Gravura que mostra o Astley's Royal Amphitheatre |
Terminada a parte histórica, fomos para alguns exercícios básicos de interpretação que nos acompanharão durante o ano todo: o andar e o olhar. A base e a relação. Nesse quarto dia, brincamos um pouco com o ritmo, a pulsação circense, a relação de olhar duradoura, com intenção, e a fuga. Para encerrar, foi proposto um exercício extremamente simples mas, ao mesmo tempo, complicadíssimo: de onde vim e para onde vou. Individualmente, os artistas-aprendizes viram o quão difícil é comunicar uma ação simples que indique onde estávamos e para onde iremos apenas com o gestual. Contegno, gesto e ostentio. Mais ainda: vimos o quanto um signo corporal pode ser valioso na comunicação. Nessa oficina, nada é por acaso. Tudo está relacionado!
No próximo sábado, teremos a primeira aula de Música com o diretor musical e coordenador do Núcleo de Música da Cia. Teatral Um Peixe, Gabriel Alex. Também teremos mais preparação corporal e, em história, falaremos um pouco sobre o Brasil colonial.
Até lá!
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