segunda-feira, 19 de março de 2012

Oficina "Redescobrindo o Circo-Teatro" 2012 - Terceiro dia




O terceiro dia da Oficina "Redescobrindo o Circo-Teatro" 2012, com certeza, foi marcado por introduzir e ilustrar a questão circense. Infelizmente, não pudemos registrar esse dia com fotos (afinal, ou levávamos a máquina fotográfica ou o datashow...), mas as lembranças ficarão pra sempre na memória.

Oficina Técnica - Cenografia
Livro "Máquina para os Deuses"
O dia começou com a aula de Cenografia - ministrada pelo coordenador do Núcleo de Cenografia da Cia. Teatral Um Peixe, Plínio Garcia. Nela, os artistas-aprendizes tiveram um primeiro contato com os vários tipos de cenografia: ortográfico, sofocliano etc. O estudo foi baseado na obra de Cyro del Nero, "Máquina para os Deuses". Em seguida, divididos em grupos, os alunos receberam um poema e, a partir de sua análise, elaboraram um projeto cenográfico usando os elementos estudados. Então, o grande momento: os projetos foram trocados entre os grupos e estes, por sua vez, tiveram de montar uma cena baseada no cenário. Divertidíssimo! Vai ser difícil tirar da cabeça cenas como a sala de espelhos (e a oca!), a sessão de lava-pé, o velório e, é claro, o ovo!

História e Interpretação
Cena de "Noites de Circo"
Então foi a vez de ilustrarmos a aula de História do Circo-Teatro do dia 10 de Março. Primeiro, foi passado um trecho do filme "Noites de Circo", de Ingmar Bergman, onde pudemos avaliar o discurso que prega a superioridade do teatro sobre o circo (um diálogo deslumbrante e terrível). De viés expressionista, o filme mostra a trajetória humilhante de uma trupe circense em decadência. Obrigados a deixar boa parte de seus figurinos para trás, os circenses pedem ajuda de uma cia. teatral local. O que se segue é uma coletânea de humilhações, de ordem cultural e social. O filme ilustra bem o eterno embate entre as artes ditas "eruditas" e seus "primos pobres", enfatizando o discurso prepotente e arrogante do primeiro e a postura humilde e desesperada do outro. No final, temos o embate propriamente dito, onde o dono do circo e um ator da cia. teatral digladiam-se no picadeiro. O resultado não poderia ser mais óbvio: apesar de toda a sua corpulência, o dono do circo é derrotado e, mais uma vez, humilhado. Seria esse, então, o fim do circo?

Em seguida, assistimos ao filme "Os Palhaços", de Federico Fellini. Nele, vemos Fellini revisitando o universo circense em um documentário que trata de uma das figuras mais essenciais do picadeiro: o palhaço. Números circenses intercalam-se a depoimentos e entrevistas de artistas e pesquisadores reais. É um filme belo e tocante, que mostra a paixão pelo circo. Em determinado momento, Fellini esbarra em uma questão delicada: o fim do circo. O próprio Tristan Remy questiona "por que um filme sobre palhaços?", alegando que o circo não significa mais nada. As últimas cenas ilustram bem isso, trazendo o funeral do Augusto (um dos tipos cômicos) e salientando o estado decrépito em que muitos palhaços se encontravam. 


Os dois filmes foram fundamentais para iniciarmos um debate sobre a realidade do Circo. Muitas questões foram levantadas e, durante o ano, tentaremos responder a cada uma delas. O mais importante, neste momento, é salientar que o Circo não morreu. Nem morrerá!

Na próxima aula, começaremos a estudar as origens do Circo. Também teremos aula de Maquiagem e de Expressão Corporal.

Até sábado! 

Um comentário:

  1. Parabéns pelo excelente trabalho e grande iniciativa. Ler sobre o Circo, aqui, é um prazer. A referência do filme "Noites de Circo" de Bergman fico ótimo e não menos brilhante filme de Fellini - "O Palhaço". Estou fazendo uma Sessão de Bergman em meu blogger. Acabei de postar "Noites de Circo". Fica desde já o convite. Um abraço...

    ResponderExcluir