quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Oficina "Redescobrindo o Circo-Teatro" 2012: Música


Na segunda-feira, falamos um pouco sobre as aulas de Cenografia da oficina "Redescobrindo o Circo-Teatro" 2012. Hoje, então, falaremos um pouco mais sobre as aulas de música.

Com certeza, a música é uma das coisas que mais chama a atenção no trabalho da Cia. Teatral Um Peixe. Sendo atores circenses, nos valemos de todos os recursos que eram (e, em alguns casos, ainda são) utilizados no Circo-Teatro no início do século XX. Um desses elementos é a execução de música ao vivo. Não só fazemos isso pela tradição circense, mas também porque não gostamos de recorrer a recursos mecânicos (como o muito utilizado playback) que, de acordo com a Lei de Murphy, sempre falham no pior momento e da pior forma possível. 
Músicos no II Festival de Teatro de Cerquilho
Músicos na 2ª edição do Festival de Teatro Cidade de São Paulo

A relação circo-música remonta às origens do que hoje chamamos "artes circenses" e esteve presente em diversos momentos da história do circo brasileiro. Aqui, vale lembrar uma passagem do icônico Circo Nerino (um dos maiores circos brasileiros que, infelizmente, fechou suas portas em meados da década de 1960), registrado na obra de Verônica Tamaoki e Roger Avanzi (o palhaço Picolino II), ao falar dos "Sete Músicos Infernais":

[...]durante muitos anos foi apresentado no Circo Nerino. Exigia o entrosamento de sete bons palhaços: o maestro, o saxofonista, o bombeiro-percussionista, o anão tocador de tuba, o clarinetista perna de pau, o barrigudo também tocador de tuba e o trombonista. Eles entravam no picadeiro em fila indiana, com o tema da ópera Aída, de Verdi. E, assim que entravam, o povo já começava a rir do anão que mal conseguia carregar a tuba. Quando se posicionavam, o maestro exibia as muitas medalhas que trazia no peito e...na bunda! Assim que ele levantava a batuta para dar início à audição, a estante das pautas de música explodia. Então, a barriga do barrigudo pulava em solavancos, o clarinetista caía da perna de pau e o anão escondia-se dentro da tuba. (TAMAOKI, 2004, p. 35)
 Percussão (cajón, carrilhão, conga, blocs, egg shake e queixada) e viola

É claro que esse tipo de intervenção requer o domínio de um instrumento musical (coisa que era obrigatória entre os circenses. Costumamos dizer que o artista circense é um artista completo: além de realizar as inúmeras proezas comuns ao circo - como malabarismo, equilibrismo e técnicas acrobáticas - deve saber tocar pelo menos um instrumento musical, cantar, dançar e representar). Em nossa oficina, inscrevem-se pessoas com as mais variadas experiências artísticas: gente que nunca fez teatro, pessoas com formação teatral (em escolas e faculdades) e músicos variados (indo do violão ao piano, do saxofone à percussão). Como sempre dizemos, aqui valorizamos os talentos individuais dos artistas-aprendizes. Na oficina "Redescobrindo o Circo-Teatro", trabalharemos a musicalidade cênica de cada artista (mesmo ele não dominando algum instrumento): noções de ritmo, musicalização de cenas, criação de sons e instrumentos inusitados etc.
Alunos da oficina fazendo dueto de acordeon e tin wistle
Escaleta
As aulas de música serão ministradas pelo Diretor Musical, Preparador Vocal e Coordenador do Núcleo de Música da Cia. Teatral Um Peixe, Gabriel Alex, ganhador do prêmio de Melhor Sonoplastia no VIII Festival de Peças Curtas de Sumaré com o espetáculo "Eles são Seis Cômicos".

O diretor musical, Gabriel Alex, em ação

Venha estudar com um grupo que é sinônimo de qualidade! Fala a verdade: oficina gratuita com tudo isso você nunca viu, né!?

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