segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PIRACEMA - DIA 1




Bom dia a todos!


Antes de mais nada, gostaria de parabenizar imensamente todos os grupos participantes da PIRACEMA - II Encontro de Teatro Amador! O primeiro dia de nosso Encontro superou - e muito! - as nossas expectativas! Esperamos que tenha sido um dia agradável, repleto de boas experiências e, o mais importante, um primeiro passo em direção a criação de vínculos entre os grupos participantes. É sempre bom lembrar: a PIRACEMA tem como objetivo a troca de experiências. Por conta disso, valorizamos muito a interação entre os participantes.

Também gostaríamos de utilizar este espaço para, uma vez mais, agradecer à Secretaria de Cultura de São Paulo que, através do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), financia este projeto; a toda equipe do Centro Cultural do Jabaquara, principalmente ao Almir, por permitir que fizéssemos essa tremenda bagunça; e, por fim, não tem como deixar de agradecer ao Rafa Rios por toda ajuda que tem nos dado. Sua experiência no campo das artes cênicas é muito valiosa para todos nós que, de certa forma, ainda estamos engatinhando nessa esfera de atuação.


Chega de falatório! Vamos ao Resumão do primeiro dia de PIRACEMA!


Oficina "Cenografia" - Rafael Rios (EAD/USP)


O dia já começou em grande estilo: a primeira atividade do Encontro foi ministrada por Rafael Rios, professor da ECA (Escola de Comunicação e Artes) e da EAD (Escola de Arte Dramática), cenógrafo e aderecista especialista em ressignificação de materiais.


Nessa primeira oficina, os participantes foram divididos em grupos, recebendo poemas de Carlos Drummond de Andrade em seguida. O objetivo era traduzir a interpretação do poema por meio da cenografia, em forma de maquetes.


Passado o período de composição, os grupos iam à frente para expor seus trabalhos, lendo seus poemas e indicando que linha de pensamento foi seguida para a elaboração da cenografia.

Já nessa primeira atividade, pudemos perceber um alto grau de interação entre companhias, que evitaram as "panelinhas" e se mesclaram para formar os grupos de trabalho.


Espetáculo "Vestir o pai" - Grupo Os Seres (Jabaquara)


A segunda atração do dia foi o espetáculo "Vestir o pai", com o Grupo Os Seres (infelizmente, a intervenção "Thriller", do Grupo Vital, acabou sendo adiada devido a atrasos no trânsito que o grupo responsável sofreu). A peça retrata a vida de uma família cujo patriarca está à beira da morte. O que deveria ser encarado como uma tragédia acaba se traduzindo em comédia tendo em vista os interesses pessoais que cada familiar possui na morte do pai.

Uma das características principais da montagem dos Seres é o fato de todos os personagens femininos serem interpretados por homens. Composição essa que foi elogiada na PIRACEMA, devido ao alto grau de qualidade na construção de personagem (fugindo à tendência "travecão" que assombra praticamente todas as montagens que optam pelo recurso "homem vestido de mulher").


Mesa-redonda "Um palco amordaçado" - Grupo Teatral Novos Fulanos (Jabaquara)

O primeiro debate do Encontro trouxe como temática o período da repressão. Atual objeto de pesquisa dos Novos Fulanos, a ditadura ficou marcada no espírito (e, em alguns casos, no corpo) de cada artista que viveu e trabalhou neste período. Mesmo nós, que fazemos teatro 30 anos após o fim do regime militar, ainda sentimos reflexos da repressão. Trata-se de um tema que, por mais que se passem os anos, ainda será atual.

Essa mesa-redonda permitiu que os grupos pudessem confrontar opiniões, propiciando o diálogo. Também permitiu que os participantes se emocionassem ao ouvir os relatos de Rafael Rios sobre o período.


Intervenção "Eles são Seis Cômicos" - Cia. Teatral Um Peixe (Pinheiros)


A "inauguração" da arena montada no saguão do Centro Cultural do Jabaquara se deu com a apresentação do espetáculo "Eles são Seis Cômicos". Trazendo a mesma montagem que foi realizada no VIII Festival de Peças Curtas de Sumaré, a Cia. Teatral Um Peixe mostrou um pouco de seu trabalho de pesquisa acerca das linguagens circenses. Com muito colorido, o espetáculo caracteriza-se por apresentar diversas brincadeiras de ordem circense: gagues, pantomimas e virtuoses.


Espetáculo "O sapato malhado e os recicláveis desprezados" - Grupo Vital (Campo Limpo)


Na primeira edição da PIRACEMA, o Grupo Vital trouxe um pequeno excerto de "O pagador de promessas", de Dias Gomes. É impossível não comentar a evolução que o grupo demonstrou nesta segunda edição do Encontro. "O sapato malhado" mostra claramente o quanto o grupo trabalhou no período de um ano. Um trabalho caprichoso, repleto de cuidado e, principalmente, cheio de energia! O Vital veio com tudo!


Como foi comentado no bate-papo (realizado sempre após as apresentações), a escolha em montar um infantil (ainda mais um infantil de autoria própria) reflete um desejo em ser ousado. Ousadia que reaparece quando percebemos as escolhas feitas pelo grupo: figurinos e cenários feitos com materias recicláveis; maquiagem forte, ressaltando a máscara; música executada ao vivo. É com muita alegria que podemos dizer que o Vital foi muito feliz em todas as escolhas que fez. O resultado é um espetáculo repleto de cores e formas. Um infatil que enche os olhos e nos conquista.


Intervenção "Professor de sexologia" - Rafael Rios (EAD/USP)


O dia se encerra das mesma forma que começou: de forma arrebatadora, trazendo todo o conhecimento de Rafa Rios. Em sua encenação de "Professor de Sexologia", Rafa Rios pôs o Centro Cultural do Jabaquara abaixo, arrancando gargalhadas de adultos e crianças, dos mais abertos aos mais pudicos.


É gritante a técnica de um ator com a experiência do Rafa. Em tempos em que a moda é a tal "comédia stand up", ver um ator vivenciado como ele fazendo uma cena cômica como o "Professor de Sexologia" mostra nitidamente o abismo que existe entre as duas formas. Rafa Rios tem o poder da condução de cena, sabe interpretar cada olhar e reação do público e usar isso em favor da comicidade. Não é pego desprevinido e nem apela para piadas prontas. Sabe ser autoral sem ser verborrágico. É um ator, acima de tudo, visual, físico. Fora isso, é de uma simpatia e simplicidade contagiantes. Com tudo isso em seu favor, não tem como não conquistar uma plateia. É a experiência de um ator que, há 40 anos, trabalha na USP, dando uma verdadeira aula de interpretação para artistas que recém saíram do ovo.


E este foi o PRIMEIRO DIA de PIRACEMA - II Encontro de Teatro Amador. No próximo sábado tem muito mais! Teremos oficina de figurinos e a intervenção "Mirian Muniz", com Rafa Rios; mesa-redonda "Teatro amador e seus espaços", com a Cia. Teatral Um Peixe; apresentação do quarteto de saxofones "Saxofonando"; intervenções "Jogos de improviso intergrupos" e "Redescobrindo o Circo-Teatro"; e o espetáculo "Casamento Futebol Clube", com o Grupo de Teatro Kainotomia.



É a PIRACEMA começando! 

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